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Baterista Marky Ramone ao iG: "As pessoas estão cansadas de bandas sem carisma"

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Thaís Sant’Anna

Músico fala sobre shows em São Paulo e no Rock in Rio, legado dos Ramones, novos projetos e relação com Brasil

Marky Ramone, o eterno baterista dos Ramones, já perdeu a conta de quantas vezes veio ao Brasil. Neste ano, além de se apresentar no Rock in Rio neste sábado (dia 14), o músico faz show mais intimista no Manifesto Bar, em São Paulo, nesta quarta-feira (11). “Mal posso esperar”, diz, empolgado, em entrevista ao iG.

Com fãs fervorosos por aqui, Marky, único integrante vivo da formação principal do Ramones - o vocalista Joey, o baixista Dee Dee e o guitarrista Johnny morreram, respectivamente, em 2001, 2002 e 2004 – não se apresentará sozinho. Ele vem com o projeto “Blitzkrieg”, ao lado de outra lenda da música underground, Michael Graves, ex-vocalista do Misfits.

Os dois prometem levar o público ao passado. “Nós vamos tocar alguns hits do Ramones, versões de covers de bandas de rock, de Louis Armstrong e também algumas músicas do Misfits repaginadas”, conta Marky.

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Durante a conversa com o iG, Marky comenta o atual cenário musical, fala dos últimos momentos dos Ramones e explica o que faz a banda ainda ser idolatrada, mesmo tendo acabado há mais de 15 anos.

“As pessoas estão cansadas das bandas da moda, sem carisma, e começaram a olhar para trás para encontrar músicas ‘novas’ e acabaram nos achando”, opina.

Leia a entrevista completa:

iG: Você já veio ao Brasil muitas vezes e se apresenta aqui novamente. O que tem de tão especial que o faz sempre retornar?
Marky Ramone:
Eu amo tocar na América do Sul. Nós temos trabalhado muito nos últimos 16 anos (com e sem o Ramones) para estabelecer esse grupo de fãs, tocamos em todos os lugares do norte do Brasil ao sul da Patagônia. E enquanto as pessoas me quiserem de volta, estarei pronto para retornar. Esta viagem de agora será mais curta, com um show menor em São Paulo para aquecer para o Rock in Rio, festival do qual ouvi falar muito e mal posso esperar para me apresentar lá.

iG: Qual é a principal diferença que você sente entre o público brasileiro e o de outros países?
Marky Ramone: O público brasileiro, assim como em toda a América Latina, é muito mais receptivo e caloroso do que o público dos Estados Unidos ou da Europa. Muitos dos meus fãs nunca tiveram a chance de ver um show do Ramones e com este projeto "Blitzkrieg" eles terão a oportunidade de ouvir a música como ela tem que ser: rápida, alta e que te faz transpirar. A lealdade dos fãs brasileiros é inacreditável e eu fiz muitos amigos durante os anos em que estive no País. Eu amo São Paulo, os restaurantes, o Mercadão. Como eu disse, mal posso esperar para voltar.

iG: Fale um pouco sobre este projeto, “Blitzkrieg”, que conta com Michael Graves no vocal.
Marky Ramone: Eu conheço o Michael desde que ele tocava no Misfits e, quando surgiu uma oportunidade, perguntei se ele queria se juntar a mim no palco. Ele é um ótimo compositor e intérprete e eu estou muito feliz de tê-lo neste projeto. Nós tocamos alguns hits do Ramones, versões de covers de bandas de rock, de Louis Armstrong e também algumas músicas do Misfits repaginadas.

iG: Os Ramones ainda são muito idolatrados no cenário punk. Qual é o grande legado da banda para a música?
Marky Ramone: Energia e melodia. Muitas bandas tocam seus instrumentos bem, mas não conseguem escrever músicas que duram tanto quanto a música dos Ramones, que hoje é considerada atemporal. Eu fico orgulhoso por nosso número de fãs sempre crescer e a nova geração curtir a nossa música.

iG: Você sente alguma pressão por ser um Ramone?
Marky Ramone: Não, eu sou o que sou.

iG: Li em algumas entrevistas que você acredita que os Ramones são maior hoje do que eram quando a banda estava na ativa. Por que isso acontece?
Marky Ramone: Bem, a internet e a velocidade com que a informação chega hoje em dia ajudaram para que nós ganhássemos mais fãs. E as pessoas estão cansadas das bandas da moda, sem carisma, e começaram a olhar para trás para encontrar músicas ‘novas’ e acabaram nos achando. O que é um grande elogio! Acho que qualidade dura (risos).

iG: Como você descreve os últimos momentos dos Ramones (Marky entrou para a banda em 1978, após a saída de Tommy Ramone. Saiu em 1983, quando foi substituído por Richie, e retornou em 1987, ficando até o fim do grupo)?
Marky Ramone:
Um turbilhão de emoções. O fim chegou por uma série de razões, algumas muito particulares e também por problemas de saúde e decisões relacionadas a negócios. Mas, olhando para trás, eu me sinto orgulhoso e especialmente grato por ter tocado a minha música ao redor do mundo, pago as minhas contas e poder ter feito o que eu quisesse quando eu quisesse. Eu não posso imaginar qualquer outro estilo de vida para mim.

iG: Além desse novo projeto musical, você também se apresenta como DJ em algumas baladas. O que você toca quando discoteca?
Marky Ramone: Eu amo discotecar, assim como eu amo a música em geral. Gosto de todos os tipos de boa música, de clássicos da gravadora Motown (responsável por artistas lendários como The Jackson Five, Stevie Wonder, Marvin Gaye, entre outros) a doo-wop, de rock and roll clássico a Frank Sinatra, Dean Martin e Henry Mancini. Eu também gosto do Kinks e do Who, pelo senso que essas bandas têm de combinar melodia com uma música poderosa. Quando discoteco eu me empolgo e talvez eu toque músicas não tão óbvias.

iG: Você ouve alguma banda da atualidade? Se sim, quais?
Marky Ramone: Na verdade, não.

iG: Como você vê o cenário musical hoje em dia? O punk rock ainda tem espaço?
Marky Ramone: Sim, o punk ainda tem espaço. Offspring e Green Day são bandas que vieram do verdadeiro cenário punk, tocando em casas alternativas, botecos, fazendo turnês em vans em péssimo estado, sem hotel etc. Elas merecem o sucesso que têm. Ser bem-sucedido não te faz menos punk, pelo contrário. Combater o sistema fazendo do seu jeito, com o seu caminho – isso é punk. De certa forma, Frank Sinatra é punk também.

iG: Você tem novos projetos em vista?
Marky Ramone: Sempre! Eu tenho uma marca de molho de tomate, minha rede de lanchonetes móveis em Nova York, minha marca de óculos escuros no Brasil e uma produção de sorvetes na Itália. E muita coisa nova vem por aí. E pretendo fazer muitos, muitos shows em 2014. Então, sem descanso para o malvado aqui (risos).


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