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Diretor de museu fala de exposição sobre Bowie: "Colocamos um pouco de tempero"

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Luísa Pécora

Em entrevista ao iG, André Sturm dá mais detalhes sobre mostra que será aberta ao público na sexta-feira (31)

Depois do sucesso da exposição sobre Stanley Kubrick, o Museu da Imagem e do Som (MIS) deve voltar a ter fila na porta a partir desta sexta-feira (31), com a abertura da mostra sobre o cantor David Bowie. 

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O Brasil é o primeiro país a receber a exposição criada no ano passado pelo Victoria and Albert Museum, de Londres, e a rapidez se deve a uma longa negociação que começou em 2011. Quando o diretor do MIS, André Sturm, soube que o museu inglês pensava em montar uma mostra sobre o músico, disse, sem hesitar: "Se é Bowie, eu quero".

"Acreditei nessa exposição antes de ela existir", disse Sturm, em entrevista ao iG. "Se tivesse esperado a abertura em Londres, ela só viria ao Brasil em 2018."

Em cartaz até 20 de abril, a mostra faz uma retrospectiva sobre a carreira do cantor a partir de cerca de 300 peças - figurinos originais, letras de música, manuscritos, desenhos, trechos de filmes, videoclipes e fotografias.

Leia também: Bowie já veio duas vezes ao Brasil e é fã de Niemeyer

Diferentemente da exposição sobre Kubrick, que teve cenografia totalmente pensada pela equipe do MIS, a mostra "David Bowie" tem montagem bastante fiel à do museu britânico. "A gente não inventou tanto", disse Sturm. "Adaptamos a exposição para o nosso espaço, colocamos um pouquinho de tempero."

Leia a entrevista com o diretor do MIS:

iG: Como foi a negociação para trazer a exposição para o Brasil?
André Sturm: Não foi difícil, porque acreditei nesta exposição antes de ela existir. No final de 2011 recebi uma visita da diretora do Victoria and Albert Museum para oferecer uma exposição muito bacana, chamada "Figurinos de Hollywood". Era uma mostra com vários figurinos originais, linda, mas na época a gente não tinha nem dinheiro nem estrutura para fazer. Durante a conversa ela me perguntou se eu gostava de David Bowie e eu disse que sim. Ela contou que estava começando a pensar uma exposição sobre ele para 2013, que poderia vir para o Brasil em 2014. Na hora eu disse: "eu quero". Ela falou: "Mas como você quer? Nem tem exposição ainda". Mas eu respondi: "Se é Bowie, eu quero." Fiquei no pé da mulher até que, em maio de 2012, ou seja, um ano antes da exposição abrir em Londres, fechamos a vinda para o Brasil. Fomos o primeiro lugar do mundo a conseguir. Se tivesse esperado a mostra abrir, ela só viria em 2018, porque depois do sucesso que fez já está com programação fechada até o final de 2017.

iG: Como será a montagem? Vamos ver o mesmo conceito da mostra do Kubrick, que permitia a imersão em cada filme?
Sturm: Não, é diferente. A exposição do Bowie já tem uma cenografia muito sofisticada, então a gente não inventou tanto como na do Kubrick. Ela não é dividida por discos, mas sim por momentos artísticos. A maioria das zonas segue uma ordem cronológica e cada uma tem uma ambientação, uma disposição. Adaptamos a exposição para o nosso espaço, colocamos um pouquinho de tempero.

iG: Que tipo de tempero?
Sturm: Um pouco mais de luz, de cor, criamos uma entrada para a exposição. Fizemos pequenas intervenções para enriquecer a mostra. Mas não é como a do Kubrick, uma exposição que ninguém viu em outro lugar, só aqui. A do Bowie tem particularidades, mas é mais próxima da mostra original.

iG: Alguma área merece destaque?
Sturm: Cada um tem sua ligação com o Bowie, mas para a mim a área do Starman, do Ziggy Stardust, é muito especial. E também a área final, que está no redondo do MIS, e é uma área muito impactante.

iG: O que haverá ali?
Sturm: Tem música, mas não posso contar mais. Tem que ir para saber.

iG: As peças trazidas são caras?
Sturm: São coisas de valor subjetivo, porque são da coleção particular do Bowie. Não custa tão caro fazer aquele figurino, mas ele tem valor porque o Bowie usou. Fizemos seguros para as peças, mas não saberia falar em valores. É um valor subjetivo, não intrínseco.

iG: Com as mostras de Kubrick e Bowie, o MIS ganhou força como espaço de exposições em São Paulo. A ideia é seguir por esse caminho mais pop?
Sturm: Esse momento Kubrick e Bowie é muito especial, mas obviamente não dá para manter esse ritmo o tempo todo. São exposições muito grandiosas, difíceis. A gente quer manter o MIS como um espaço de atividades culturais de destaque, com programação diversificada, sempre ligada à imagem e ao som. Queremos fazer atividades que sejam de grande interesse, mas que ofereçam algo diferente.

iG: Quais são as próximas exposições programadas?
Sturm: Teremos a terceira edição do Maio Fotografia, um momento em que ocupamos o museu com a fotografia, montando quatro ou cinco exposições simultâneas. Depois teremos a mostra sobre o "Castelo Rá-tim-bum", que completa 20 anos e é uma das grandes criações da TV brasileira - e da TV pública, o que é muito legal. E aí temos outras coisas, que ainda estamos afinando.


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