Luísa Pécora
Apesar de pouco interagir com os fãs, a presença do cantor é notada em todos os cantos do navio; saiba maisA bordo do cruzeiro Emoções em Alto Mar, que finalizou sua décima viagem nesta quarta-feira (12), o cantor Roberto Carlos gosta de repetir: “Aqui é como se estivéssemos morando na mesma casa. Só não dormimos na mesma cama”.
Roberto Carlos em show na terça-feira no cruzeiro Emoções em Alto Mar
Foto: Luísa Pécora/iG
Roberto Carlos em show na terça-feira no cruzeiro Emoções em Alto Mar
Foto: Luísa Pécora/iG
Roberto Carlos em show na terça-feira no cruzeiro Emoções em Alto Mar
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Roberto Carlos no show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: Photo Rio News
Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: AgNews
Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: AgNews
Roberto Carlos em show no cruzeiro Emoções em Alto Mar
Foto: Divulgação
Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: AgNews
Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
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Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
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Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
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Roberto Carlos em show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: AgNews
Tom Cavalcanti em show de Roberto Carlos no cruzeiro
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Roberto Carlos no show 'Emoções em Alto Mar'
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Roberto Carlos no show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: AgNews
Roberto Carlos no show 'Emoções em Alto Mar'
Foto: AgNews
De um jeito curioso, há bastante verdade na afirmação. No cruzeiro, o Rei é, ao mesmo tempo, ausente e onipresente. Não anda pelos corredores do navio e raramente deixa a cabine, localizada em uma área VIP e fechada à maior parte dos passageiros. Gosta de ir ao cassino, mas apenas durante a madrugada, e quando de fato está perto do público, em eventos especiais, permanece separado dele, chegando depois e se sentando em área reservada.
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Ainda assim, é como se, de fato, aquela casa fosse a do Rei. Em praticamente todos os ambientes se ouve músicas das diferentes fases da carreira (geralmente em sua própria voz, às vezes covers de outros artistas); nos corredores há sempre alguém vestindo azul e branco ou grupos usando camisetas uniformizadas com a foto do ídolo; os pôsteres colocados pelo navio estão sempre com uma fila para fotos (“se a gente não tem o Rei em carne e osso, né?”); e a todo momento o assunto, de algum modo, volta para ele.
No elevador e nas áreas comuns, é fácil ouvir os atestados de fã. “Tenho 48 rosas”, “Fui a 43 shows só no ano passado”, “Participei de todos os cruzeiros”, “Gosto dele há mais de 50 anos”, “Recorto até quadradinho que sai na revista" e o famoso "Tenho tudo dele".
Quando o empresário Dody Sirena teve a pioneira ideia de inserir Roberto no mercado de cruzeiros temáticos, temeu que os fãs quisessem encontrá-lo a todo momento. Rapidamente, percebeu que não. “É um pouco como criança na Disney: tem tudo ali à disposição, não há cobrança de se estar toda hora com o Mickey”.
Os passageiros
O público do cruzeiro de Roberto Carlos é mais velho, em geral tem mais de 50 anos e viaja principalmente em casal ou em turma de mulheres. Como estão ali principalmente para ver o Rei, apenas uma pequena parte costuma descer do navio nos pontos de parada, e cerca de 40% retorna outras vezes.
É o caso de Anni Lourenço Rios, que está no sexto cruzeiro consecutivo. Aos 35 anos, ela é um caso de passageira mais jovem que não apenas acompanha a mãe, mas herdou dela a paixão pelo Rei. “Venho por ele”, contou. “O cruzeiro é bacana, mas não é a razão de vir”.
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Sentada na primeira fila do show de terça-feira (11), ela chorou muito, cantou mais ainda e saiu de lá com duas rosas. Para conseguir um lugar tão bom, foi preciso escolher uma cabine mais cara, na mesma área onde Roberto se hospeda. “Tudo tem um preço. Estamos pagando esse preço”, disse a mãe de Anni, Márcia, que já acertou o cruzeiro de 2015.
Para outras fãs, porém, a viagem pode ter sido a primeira e a última. Cleusa Marchi Costa, 53 anos e fã do Rei há 49, acha que vai ser difícil voltar: o marido não gosta de navios e ela demorou para ter condições financeiras e companhia. A bordo com as três irmãs, todas devidamente uniformizadas, ela define a ida ao cruzeiro como “um sonho”.
“O Roberto tem alguma coisa, uma luz que eu vejo. Não é amor carnal, não é desejo, é uma coisa que eu não consigo explicar”, disse, com os olhos cheios de lagrimas.
Também no time das novatas, Denise Lemos de Oliveira, 49 anos, superou o medo do mar para ver o Rei. “Vim porque era o navio dele. Sabia que se não fosse seguro, ele não viria. Ele gosta que as coisas estejam no controle dele”, afirmou Denise, que ganhou a passagem de presente do marido, e no ano que vem voltará com a sogra e a mãe, que trabalhava em frente à Rádio Nacional nos anos 1960 e desde então acompanha o artista.
A viagem
Com tanta reincidência, o projeto Emoções em Alto Mar muda pouco a cada ano. A grande novidade, na verdade, costuma ser o navio (neste ano, pela primeira vez a embarcação era da MSC, e não da Costa Cruzeiros). “Quando o time está ganhando, só tem que continuar jogando bem”, brincou Sirena.
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O cruzeiro de dez anos não teve grandes comemorações, o que surpreendeu e até decepcionou alguns passageiros. Na manhã de segunda-feira (10), a suspeita de que alguém teria caído no mar causou tensão, mas tratava-se de alarme falso e não chegou a atrapalhar a festa.
A bordo, Roberto e sua equipe anunciaram vários projetos: um disco de inéditas em 2014 e outro de canções em italiano no ano seguinte; a publicação de um luxuoso livro de fotografias que será vendido a R$ 4,5 mil; um show em Las Vegas em setembro e o plano de outro na Itália em 2015, fortalecendo ainda mais o braço operadora de turismo da marca Roberto Carlos.
No navio, os shows são mais intimistas e trazem pequenas alterações no setlist tradicional. Incluem, ainda, a entrada de um Cadillac inflável no palco e a distribuição de 1,6 mil taças de champanhe que as fãs pegam correndo para então se aglomerar em frente ao palco e tentar brindar com o Rei.
Atrações de outros anos, como a missa com o Padre Antônio Maria, a aula de dança com Carlinhos de Jesus e o show de stand-up comedy de Tom Cavalcante foram repetidas. Também foi realizada uma tradicional e animada competição de karaokê, com apresentação de Miéle e músicas tocadas por parte da banda de Roberto Carlos.
“Quando” e “Emoções” eram as músicas mais pedidas pelos passageiros sorteados para subir ao palco, mas foi a versão em espanhol de “Amante à Moda Antiga”, cantada pelo equatoriano Andres, 60 anos, que levou o prêmio, entregue pelo próprio Roberto.
“Foi emocionante, ele é meu ídolo”, contou Andres, que foi cantor durante 17 anos, mas deixou a carreira de lado para ser empresário musical. Ele disse ter ido ao navio para tentar acertar um show de Roberto no Equador, “onde muita gente o ama”. E explicou a escolha da música: “Era a única que eu sabia de cor.”
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A concorrente mais invejada foi Larissa Antunes, 24 anos, que ficou com o segundo lugar, mas foi chamada pelo Rei para dançar, juntinho, “Como é Grande o Meu Amor Por Você”. “Me apaixonei por ele. Vou sair do cruzeiro muito fã”, afirmou a jovem, que estava no navio a convite da avó.
Maior novidade da programação da viagem deste ano, a sexóloga Laura Muller respondeu a perguntas do público sobre sexo - e também do próprio Roberto, que quis saber mais sobre ejaculação feminina e piercing no clitóris. Os passageiros tinham a opção de enviar dúvidas por escrito e de forma anônima, mas muitos preferiram o microfone e falaram com sinceridade e coragem impressionantes sobre questões bastante pessoais.
Da mesma forma, uma conversa entre estranhos à beira da piscina ou na mesa do jantar rapidamente caía na vida pessoal: histórias de amores do passado, de problemas familiares ou dos tempos de juventude. No Emoções em Alto Mar, Roberto Carlos é mais do que um gosto em comum: é a chave para uma súbita e bem-vinda intimidade.
* A repórter viajou a convite do Projeto Emoções em Alto Mar