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Mr. Catra: "O funk  é o movimento que mais salva vidas no Brasil"

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Susan Souza

Funkeiro fala ao iG sobre suas influências, a importância do gênero para o Brasil e a presença feminina nos bailes

O funkeiro carioca Mr. Catra, que acaba de gravar uma parceria com os goianos da Banda Uó, vencedora do programa "Batalha de Quiosques", da MTV, vê o gênero que ajudou a popularizar como "o movimento que mais salva vidas no Brasil", conta ao iG.

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Catra ainda vai mais longe e acredita que "o funk já virou material de estudo, é coisa para intelectual, para gente inteligente". Sua carreira teve início nos anos 1990 e, atualmente, segue também misturada a artistas pop em derivações de "funknejo", subgênero musical que mistura funk com sertanejo universitário.

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As letras maliciosas de Catra o tornaram conhecido por cantar estilos como o "proibidão", pela alusão à violência, ao tráfico e ao sexo. Para buscar inspiração, o funkeiro define-se como um "exímio pesquisador da putaria", além de contar que teve o cantor Roberto Carlos como uma de suas primeiras referências para compor temas sensuais.

Sem lançar discos desde "Poder da Favela" (2008), Catra promete que, em breve, terá "muita coisa na pista". Além de ter gravado parceira recente com a Banda Uó, o funkeiro também está em duas faixas de "Pancadão das Marchinhas", disco que traz faixas clássicas de carnaval com base de funk.

Leia abaixo a entrevista completa com Mr. Catra.

iG: Você está produzindo ou gravando com outros artistas?
Mr. Catra: Sim, vou fazer uma parceria com a Mulher Filé, vamos gravar um som. Estou fazendo um 'funknejo' com o Cristiano Araújo, com o Thiago Brava e umas participações de samba.

iG: Quando lançará um novo disco?
Mr. Catra: Em menos de um mês vocês vão ver muita coisa do Catra na pista. Funk, samba, funknejo. Já fiz bastante funknejo com duplas de sertanejo universitário. Sempre gostei muito de Almir Sater, de moda de viola. Escutei muito Chitãozinho e Xororó, Almir Rogério. A cultura sertaneja, como o funk, é uma cultura brasileira, como o forró, o tecnobrega. A gente tem que se ligar, tem que estudar o que a gente tem.

iG: Você acha que os artistas devem sempre pesquisar sobre música?
Mr. Catra: Para fazer nosso som tem que pesquisar. Por exemplo, eu canto putaria, então sou um emímio pesquisador da putaria. Vivo na pesquisa intensa, senão você não tem um resultado satisfatório para escrever sua música.

iG: Quais artistas são uma inspiração nesse sentido?
Mr. Catra: Para mim, o primeiro cara que escreveu putaria foi o 'rei' Roberto Carlos. A primeira música que ouvi de putaria chama-se "Cavalgada". Ele descreveu uma transa. Ele narra romanticamente, mas é sexo. Wando, Gretchen, Tim Maia, Jorge Ben, muita gente me inspirou.

iG: O que você acha do funk ostentação?
Mr. Catra: É estranho, no mínimo. 

iG: Você escutou?
Mr. Catra: Musicalmente é legal, mas o assunto é sempre o mesmo. Carro, champagne, só muda a rima. Vamos mudar de assunto, vamos falar de terra, de transar, de passarinho. Falar de coisa boa.

iG: Como você vê a presença da mulher no funk?
Mr. Catra: O funk é o movimento que mais dá liberdade à mulher para ela falar o que quiser. No funk ela pode dizer que ela é vaca, fiel, safada, responsa, bandida, piranha. Ela pode falar o que quiser que ninguém vai entrar no caminho dela. Funk é o movimento mais liberal para a mulher.

iG: Qual é sua maior contribuição para a música brasileira?
Mr. Catra: Foi trazer o discurso real, a crônica do dia a dia para dentro do funk, começar a falar das coisas que acontecem no dia a dia. Eu não tenho contribuição, o funk é a contribuição da música brasileira.

iG: Você acha que a visão das pessoas em relação ao funk mudou?
Mr. Catra
: Bastante, porque hoje em dia o funk já virou material de estudo. Funk é coisa para intelectual, para gente inteligente, que entende as coisas, sociólogos. O funk não é movimento para qualquer leigo opinar, porque vai falar merda. É o movimento que mais salva vidas no Brasil.

iG: Por que?
Mr. Catra: Porque, de coração, vou te falar: é muito mais fácil você ser funkeiro do que ser 'padedeiro' (pessoa envolvida com drogas), entendeu?


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