Thiago Ney
Formado por três tecladistas, trio feminino vai se apresentar neste domingo no Cine Joia; leia entrevistaSe você quiser perguntar algo para uma das três integrantes do Au Revoir Simone, nunca mande "Por que vocês não têm um baterista?". É uma questão que elas já responderam muito mais vezes do que gostariam.
"Muita gente nos diz: 'Vocês tocam bem, são ótimas, mas por que não contratam um baterista? Vocês deveriam ter um batrerista'. Sério, não aguento mais", brinca Annie Hart, uma das pontas do Au Revoir Simone ao lado de Erika Forster e Heather D'Angelo.
As três norte-americanas usam basicamente teclados e sintetizadores e são auxiliadas por uma bateria eletrônica. É o formato da banda tanto em disco como ao vivo, e é o que os paulistanos verão neste domingo, às 22h, em show dentro do festival Popload Gig no Cine Joia (ingresso a R$ 160; a banda japonesa Cibo Matto também toca; mais informações aqui).
Sem um baterista, a música do Au Revoir Simone possuiu contornos melódicos doces, que aparecem às vezes melancólicos (como em "Love You Don't Know Me") e às vezes festivos ("Crazy") - essas duas faixas estão no quarto e mais recente disco do trio, "Move in Spectrums", lançado em 2013. "Vamos tocar bastante coisa do último disco, mas várias também do 'Still Night'", conta Hart, citando o disco "Still Night, Still Light", de 2009.
Essa dicotomia melancólico/festivo está bem explícita em "Move In Spectrums" - enquanto a primeira parte do álbum é alegre e para cima, a segunda metade é lenta e reflexiva. Mas não foi algo aparentemente intencional.
"Não sabíamos a ordem que o disco teria até uma semana antes da masterização. Nosso coprodutor (Jorge Elbrecht) nos sugeriu a ordem das músicas, e nos pareceu mais natural. Para o ouvinte, fica a sensação de que ele está em uma viagem."
O Au Revoir Simone percorre o mundo em turnê que deve se estender até pelo menos o final deste ano - não que essa agenda movimentada seja um problema.
"Adoro tocar ao vivo, gosto do som do sintetizador ao vivo, gosto da energia do público. Às vezes é decepcionante, como um show que fizemos em Nova York recentemente, em que o som não estava nada bom. Mas normalmente é algo lindo, o público canta junto", diz Hart. "Ao vivo conseguimos ver que o que fazemos realmente pode tocar as pessoas, mudar um pouco suas vidas."
A turnê mundial é uma oportunidade para Annie Hart conhecer um tipo de lugar que adora para passar o tempo e relaxare: bibliotecas. "Eu amo a biblioteca de Nova York, em que há uma sala antiga, grande, linda. Estive lá há duas semanas. Comecei a ir quando estava no colégio. É ótima para ler poesia."