Guss de Lucca
Banda lança "Saturno", o 13º álbum de inéditas, em busca da energia do início da carreira; leia entrevistaNa próxima segunda (10) chega às lojas "Saturno", 13º disco da carreira do Capital Inicial. Lançado dois anos depois de "Das Kapital", o álbum mantém a média de lançamentos do grupo, de um disco a cada dois anos, e busca o retorno da energia do início de sua carreira.
Em conversa com o iG, o vocalista Dinho Ouro Preto, o baixista Flávio Lemos, o baterista Fê Lemos e o guitarrista Yves Passarell falaram sobre o processo de criação da banda, a escolha dos singles e a próxima turnê do Capital Inicial.
O Capital Inicial em imagem do disco "Saturno"
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Dinho Ouro Preto na apresentação do Capital Inicial no Rock in Rio
Foto: Vivian Fernandez
Dinho Ouro Preto agradece ao público do festival
Foto: Vivian Fernandez
O guitarrista Yves Passarell, do Capital Inicial
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Dinho Ouro Preto no palco Mundo do Rock in Rio
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Dinho, do Capital Inicial, em show no Palco Mundo
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O guitarrista Yves Passarell, do Capital Inicial
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Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial
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Capital Inicial
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iG
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Capital Inicial
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O cantor Dinho Ouro Preto, durante a performance do Capital Inicial no VMB
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A banda Capital Inicial, que estreia nova turnê neste sábado
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iG: Em que período um disco do Capital Inicial vira história e abre espaço para outro?
Dinho Ouro Preto: O processo criativo é ininterrupto. Ele começa quase imediatamente após acabarmos a gravação de um álbum. Nesse momento já estou bolando coisas para um disco novo.
iG: O processo sempre foi esse?
Dinho: É muito claro para mim que isso acontece devido a um trauma dos anos 1980, um momento em que não tínhamos essa atitude. Chegamos a entrar em estúdio sem músicas, só com uma ideia, às vezes sem composição alguma. E muitas vezes o que saía na hora era algo "meia boca". Quando nos foi dada uma segunda chance, em 1998, no momento em que nos reunimos, voltamos determinados a evitar alguns erros. E o principal, acredito, é em relação ao repertório.
iG: O que "Saturno" carrega do "Das Kapital"?
Dinho: Há uma unidade entre os dois discos. Eles foram produzidos pela mesma pessoa (o produtor David Corcos) e têm a ideia de resgatar um pouco da energia que o Capital tem ao vivo e que nos discos parecia se diluir. A gente quis que esses dois trabalhos fossem o resgate dessa energia. O que posso dizer em relação ao "Saturno" é que ele vai um pouco além, é um disco um pouco mais distorcido, mais sério e mais denso do que o "Das Kapital".
Apesar de haver essa mesma busca pela visceralidade que temos ao vivo, que estava presente no Aborto Elétrico, no primeiro disco do Capital e em alguns momentos da banda, essa é a primeira vez em que há um conceito que antecede o álbum. Todas essas ideias de voltar às raízes, de fazer um disco mais nervoso, todos precederam as canções.
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iG: O que vem primeiro no processo de composição: o refrão, o riff ou a ideia da música?
Dinho: Como a proposta era deliberadamente fazer algo mais roqueiro, dessa vez as canções foram todas compostas na guitarra, diferentemente de todos os discos anteriores, em que elas foram feitas no violão. O riff de várias dessas canções foi a primeira coisa a surgir, muito antes da música.
iG: No vídeo de bastidores da gravação de "Saturno" você citou o corte de uma canção sobre álcool. Como vocês selecionam o material?
Dinho: Ele jogou fora (apontando para o baixista Flávio Lemos). Não dá para tocar uma música que um cara da banda acha ruim.
Flávio Lemos: Nenhum de nós descarta uma canção. Primeiro vamos trabalhar a música e ver o que tiramos dela. Você não joga uma ideia fora sem trabalhá-la antes.
Yves Passarell: O Dinho produz muito. No início são 27 músicas que a gente leva para os ensaios. Daí o número cai para 15, mais ou menos. E no final sobram umas 12.
Dinho: O que passamos a fazer de uns tempos para cá foi lançar discos mais curtos, de 11 músicas, com um total de 40 minutos. É gozado pensar agora, mas quando surge o CD as pessoas começam a fazer álbuns de 20 faixas. Acho que nunca ouvi até o fim o "Blood Sugar Sex Magik", do Red Hot Chili Peppers (risos).
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iG: Quem escolhe os singles?
Dinho: Para nós é irrelevante. Qualquer uma que a gravadora escolher está bom. Se você entrega um disco do qual você não gosta de metade das músicas, é um problema caso a gravadora escolha uma delas como single. O negócio é fazer um disco que você goste de todas as músicas.
Além disso, não achamos que somos os melhores juízes do nosso trabalho. Você se envolve com diferentes canções por diferentes motivos. Faz uma música para uma menina, faz uma música para sua filha, uma com raiva de alguém... É melhor entregar para uma terceira parte, que não tenha envolvimento com elas.
iG: Quantas músicas de "Saturno" entram no setlist dos próximos shows?
Dinho: Muitas. Chegamos a tocar seis músicas novas num pré-lançamento no Rio de Janeiro. Ninguém conhecia as músicas. Pisamos em ovos. Mas só vamos começar a trabalhar o álbum a partir de março. Agora faremos shows de verão, em festivais na praia, onde não dá pra montar um setlist só com músicas novas. Agora em março, com o disco já lançado há três meses, a gente gostaria de tocá-lo inteiro.
Yves: A vontade é mesmo de tocar todas as músicas. Mas no show tem algumas que você não pode deixar de tocar.
Dinho: Mas também não dá para tocar tudo o que os fãs querem.
iG: Tem alguma música que não dá para tirar do setlist?
Dinho: A gente achava que não dava para tirar "Primeiros Erros" e estamos tirando. Lentamente ela está sendo empurrada para fora do prato.
Fê Lemos: Durante anos ficamos sem tocar "Música Urbana", um dos maiores singles da nossa carreira. Agora se ficar sem tocar "Natasha" ou "Fátima"...
Dinho: Mas elas são as próximas a irem para fora. E, também, depende do show. Se você vai tocar no Réveillon no Recife, por exemplo, não tem jeito, tem que tocar os hits. Porém, num show do Capital que as pessoas pagaram só para nos ver e que você sabe que elas conhecem o disco novo, aí não precisamos tocar "Primeiros Erros". E eventualmente nem "Natasha".
Fê Lemos: E às vezes você traz de volta uma música que está de fora faz tempo.
Dinho: "Olhos Vermelhos" a gente não tocava faz um tempão e voltou. "Tudo Que Vai" também. São muitos discos. Poderíamos fazer dois shows com repertórios diferentes.
iG: E como vocês decidem o que entra nesse setlist?
Dinho: Muito é feito na hora. A gente olha qual é a idade das pessoas, qual é o perfil do público. Várias vezes mudamos coisas durante o show e improvisamos. Por exemplo, no aniversário do Freddie Mercury, vamos tocar "Bohemian Rhapsody". As pessoas gostam de ver essa espontaneidade.
Fê Lemos: Você tem uma lista básica aberta a interpretações.