Luísa Pécora
Concerto sinfônico com obras de diferentes épocas e participação dos coros inaugura temporada e "nova fase" da sala de espetáculosO novo diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo, maestro John Neschling, foi aplaudido de pé pelo concerto sinfônico, realizado na noite de sábado (23), que abriu a temporada de espetáculos deste ano. A apresentação, regida por ele e repetida na manhã de domingo (24), buscou mostrar a versatilidade do corpo do teatro, incluindo a participação dos coros. No repertório, dois compositores definitivos da história da ópera e um compositor nacional moderno.
Mais do que a temporada 2013, o concerto inaugurou o que a administração municipal promete ser uma nova fase do Teatro. O corpo diretivo que tomou posse há menos de um mês – Neschling como diretor artístico, José Luiz Herencia como diretor geral – tem como objetivo retomar a vocação lírica da casa de espetáculos e democratizar a ópera em São Paulo com ingressos a preços acessíveis e a possibilidade de uso do Vale-Cultura para adquiri-los.
Neste fim de semana as entradas custavam entre R$ 10 e R$ 40. Minutos antes de o concerto começar havia fila para compra de ingressos, mas os melhores lugares (plateia e balcões nobres) estavam preenchidos. Nas duas áreas o som estava ótimo. No mezanino, era impossível ver os músicos no palco e as cadeiras faziam barulho. No camarote, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito, Fernando Haddad, e o secretário da Cultura, Juca Ferreira, assistiam à estreia de Neschling.
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A apresentação começou com “Tristão e Isolda – Prelúdio e Morte de Amor”, obra de Richard Wagner que estreou em 1865. Num contraste entre diferentes épocas da música, a segunda peça foi mais moderna: “Sinfonia n° 2 – Uirapuru”, de 1945, uma homenagem ao vigésimo aniversário da morte do compositor paulista Camargo Guarnieri.
Para a apresentação final, os Coros Paulistano e Lírico subiram ao palco para cantar – a capela e junto com a orquestra – “Quattro Pezzi Sacri”, do italiano Giuseppe Verdi, quatro peças independentes compostas entre 1888 e 1896. Maestro, músicos e cantores deixaram o palco sob aplausos e gritos de “bravo”.
Programação 2013
No primeiro semestre o Municipal terá principalmente concertos sinfônicos e balés - a companhia, aliás, celebra 45 anos em 2013 e apresentações comemorativas acontecerão em abril. A ópera "Ça Ira", de Roger Waters (do grupo Pink Floyd), dará uma prévia da temporada lírica, com início previsto para junho.
Espetáculos como "A Carreira do Libertino", de Stravinky, "Aída", de Verdi e "Don Giovanni", de Mozart, terão equipes formadas por profissionais brasileiros e convidados internacionais.
A nova gestão também pretende uniformizar o modelo de contratação dos funcionários dos corpos estáveis, hoje variados, e usar parte do orçamento de R$ 65 milhões para reformar as áreas técnicas e de bastidores, já que as restaurações recentes se restringiram às áreas nobres.