Augusto Gomes
Participação especial de Sandy dividiu público em apresentação na sexta-feira em São PauloUma das máximas da música é que os artistas devem guardar os melhores momentos dos shows para o final, porque esta será a última lembrança do público ao voltar para casa. Pois Milton Nascimento seguiu esta regra à risca no show que fez nesta sexta-feira (3) no HSBC Brasil, em São Paulo. Com um bloco final eletrizante, o cantor conseguiu apagar da memória da plateia as irregularidades que a apresentação tinha até então.
Sandy participa de show comemorativo de Milton Nascimento em em São Paulo
Foto: AgNews
Milton Nascimento comemora 50 anos de carreira em show no HSBC Brasil, em São Paulo
Foto: AgNews
Lô Borges e Milton Nascimentono juntos no palco
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Sandy e Milton Nascimento no palco do HSBC Brasil, em São Paulo
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Sandy e Milton Nascimento no palco do HSBC Brasil, em São Paulo
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Milton Nascimento comemora 50 anos de carreira em show no HSBC Brasil, em São Paulo
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Milton Nascimento comemora 50 anos de carreira em show no HSBC Brasil, em São Paulo
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Milton Nascimento comemora 50 anos de carreira em show no HSBC Brasil, em São Paulo
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Milton Nascimento comemora 50 anos de carreira em show no HSBC Brasil, em São Paulo
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As duas canções do bis, por exemplo, levaram parte da plateia às lágrimas. Na primeira, "Canção da América", Milton nem sequer precisou cantar: sentado numa cadeira no meio do palco, pediu que o público cantasse a música em seu lugar - foi atendido. Era como se estivesse guardando a voz para a canção seguinte, "Travessia". Seu primeiro sucesso, lançado há 45 anos, voltou em uma versão emocionante.
Foi o arremate perfeito para uma apresentação que festejava os 50 anos da carreira do músico (seu primeiro compacto, "Barulho de Trem", é de 1962). Mas, até terminar com "Travessia", o show teve seus altos e baixos. O principal problema foi que Milton estava distante e aparentava um certo nervosismo. Para piorar, sua banda estragou algumas canções com sonoridades cafonas que pareciam ter saído diretamente dos anos 1980.
E ainda houve a questão Sandy. A cantora fez uma participação especial no meio do show - cantou "Morro Velho" sozinha e "Nos Bailes da Vida" com Milton. Sua presença dividiu o público: uma parte a aplaudiu com entusiasmo, outra estava visivelmente incomodada com sua presença (a reportagem ouviu comentários como "o que deu na cabeça do Milton Nascimento para convidar justamente a Sandy?").
Milton Nascimento em São Paulo: distante?
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Se Sandy sentiu a tensão, não aparentou - nem quando pediu que o público acompanhasse com palmas e poucos atenderam. Tanto que, em "Nos Bailes da Vida", transformou Milton em seu coadjuvante. Enquanto ela cantava solta, ele se mantinha um pouco atrás, cantando mais baixo e com o olhar fixo na parceira. Na plateia, o pai Xororó e a mãe Noeli sorriam orgulhosos, enquanto fotografavam a filha.
Após Sandy deixar o palco, Milton cantou dois de seus maiores sucessos, "Raça" e "Maria, Maria". A recepção do público foi calorosa, e isso esquentou o cantor, que daí em diante se soltou. Recebeu Lô Borges, que já havia feito uma participação no início da noite, para cantar "Nada Será como Antes" e "Para Lennon e McCartney". Depois, deixou o parceiro sozinho no palco para cantar "O Trem Azul" e uma bela versão de "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo".
Milton reapareceu sentado ao piano, para cantar "Sofro Calado", um dos momentos mais bonitos da apresentação. Depois, de volta ao centro do palco, interpretou "Canções e Momentos" e, ao final da música, recebeu Sandy e Lô Borges de volta. Os três deixaram o palco abraçados, cantando juntos. Já seria um belo final, mas a coisa toda ficou ainda melhor com o grande bis que veio a seguir.
Em setembro, a turnê de 50 anos de carreira de Milton passa por Salvador e Porto Alegre e, em outubro, chega ao Rio de Janeiro. Em paralelo à série de shows, a discografia do músico estará disponível em bancas de jornal de todo o país. Assim como já aconteceu com Chico Buarque e Tim Maia, sua obra está sendo relançada pela editora Abril.
O primeiro disco da série (justamente seu álbum de estreia, "Travessia", de 1967) saiu na semana passada. Neste domingo (5), chega às bancas aquele que é considerado seu melhor trabalho, "Clube da Esquina" (1972). Nas próximas semanas, serão lançados "Milagre dos Peixes" (1973), "Minas" (1975), "Caçador de Mim" (1981) e "Courage" (1968). No total, a coleção totalizará 21 álbuns.
Veja abaixo o repertório do show desta sexta-feira (3) no HSBC Brasil, em São Paulo:
"Cais"
"Vera Cruz"
"Canção do Sal"
"Clube da Esquina 2" (Milton e Lô Borges)
"Nuvem Cigana" (Lô Borges)
"Planeta Blue"
"Anima"
"Lágrima do Sul"
"Amor de Índio"
"Promessas do Sol"
"Morro Velho" (Sandy)
"Nos Bailes da Vida" (Milton e Sandy)
"Raça"
"Maria, Maria"
"Nada Será Como Antes" (Milton e Lô Borges)
"Para Lennon e McCartney (Milton e Lô Borges)
"O Trem Azul (Lô Borges)
"Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" (Lô Borges)
"Sofro Calado"
"Canções e Momentos"
Bis
"Canção da América"
"Travessia"