Susan Souza
Com influências de música brasileira, guitarrista abriu o BMW Jazz Festival com o projeto Unity BandPat Metheny está longe de ser classificado apenas como um músico de jazz. Revolucionário da guitarra, este norte-americano encantado com o Brasil volta para mostrar a ousadia de seu novo projeto, a Unity Band.
O grupo tocou na primeira noite de BMW Jazz Festival, que aconteceu nesta quinta-feira (6), em São Paulo. Além de Pat, o quarteto é formado pelo saxofonista Chris Potter (classificado como "um dos mais copiados saxofonistas do planeta" pela revista "Down Beat"), o baixista Ben Williams e o baterista Antonio Sanchez.
O show proporcionou surpresas a quem esperava uma apresentação discreta. Além dos músicos competentes, Pat Metheny inova com o conjunto de robôs musicais que acompanha a turnê. Desenvolvida pela LEMUR (Liga de Robôs Urbanos Musicais Eletrônicos), a Orchestrion nasceu a partir de uma solicitação de Pat, em 2008, e desde então esteve presente na gravação do disco "Orchestrion" (2009) e nas turnês.
Com a Unity Band, uma versão reduzida dos robôs musicais foi trazida mantendo-se a marimba, os pratos, as garrafas musicais e a sanfona. Quando em funcionamento, no momento em que Pat toca a guitarra, os robôs são acionados e cada um emite seu próprio timbre. A mescla de sons pode ser "localizada" pela plateia a cada nota musical, que é representada por uma luz que se acende no robô-artista.
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Não é apenas com a Orchestrion que Pat envolve o público. Ele deu início ao show com sua inusitada guitarra Pikasso I, desenhada exclusivamente para ele, em 1984, pela luthier canadense Linda Manzer. Com 42 cordas, dois braços e sonoridades que vão do violão à cítara, Pat mostra como gosta de expressar sua carreira: com delicadeza e ousadia.
Em uma espécie de laboratório de música, o quarteto pesquisa para além das fronteiras, especialmente no caso de Metheny. Por ter morado no Rio de Janeiro há 30 anos, o guitarrista carrega influências brasileiras em suas melodias. Uma versão de "Insensatez", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, foi recebida com empolgação pela plateia. O show ainda trouxe momentos vívidos e intensos de seu disco com a Unity Band, como as faixas "New Year", "Roofdogs" e "This Belongs to You".
Em pouco mais de duas horas, a Pat Metheny & Unity Band ofereceu sensações de sutileza e inquietude, assim como reforçou o pensamento de que Pat é um dos mais incansáveis músicos em atividade. Acompanhado de uma grande banda e instrumentos que encorpam seu laboratório de experimentações, não há como não se envolver pelas melodias fluidas e criativas.
O quarteto ainda será atração gratuita na parte externa do Auditório Ibirapuera neste domingo (9), às 17h. Eles também tocam no encerramento da versão carioca do festival, que acontece de 8 a 10 de junho.
Outras atrações
Além de Pat Metheny e a Unity Band, o BMW Jazz Festival recebe Esperanza Spalding & The Radio Music Society, Brad Mehldau Trio, Joe Lovano & Dave Douglas; o quarteto James Farm, Johnathan Blake Quintet e o único representante brasileiro, Egberto Gismonti e a Orquestra dos Corações Futuristas. Johnathan e Egberto apresentam-se apenas em São Paulo.
BMW Jazz Festival em São Paulo
HSBC Brasil (r. Bragança Paulista, 1.281)
Sexta-feira (7/6), às 21h: James Farm, Esperanza Spalding & Radio Music Society, Egberto Gismonti e Orquestra Corações Futuristas
Sábado (8/6), às 21h: Brad Mehldau Trio, Johnathan Blake Quintet, Joe Lovano & Dave Douglas Quintet
Ingressos: esgotados para os três dias
BMW Jazz Festival no Rio
Vivo Rio (av. Infante Dom Henrique, 85)
Sábado (8/6), às 21h: James Farm, Esperanza Spalding & Radio Music Society
Domingo (9/6), às 20h: Brad Mehldau Trio, Joe Lovano & Dave Douglas Quintet
Segunda-feira (10/6), às 21h: Pat Metheny Unity BandIngressos: esgotados para os três dias